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Interdisciplinaridade

Processos e Práticas

Origem. Et. Do latim inter "entre, ação recíproca" + discere "aprender" ou discipulus "aquele que aprende, aquele que se adéqua à ordem" ou disciplina "instrução, conhecimento, conjunto de lições a serem seguidas” + termo idade que corresponde a "qualidade, estado ou resultado da ação", sugerindo a noção de "estado gerado pela ação recíproca entre áreas do conhecimento".  O termo foi publicado pela primeira vez em 1937, mas somente na segunda metade do século XX ganhou notoriedade como alternativa diante da fragmentação dos saberes.

Definição

Consiste na abordagem dialógica entre duas ou mais áreas do saber (ou disciplinas), de modo cooperativo e integrador, para a compreensão e solução de problemas, explicação e atuação em questões práticas, investigação e produção de sentido para os fenômenos da natureza, do mundo, da vida. Entende, para tanto, que as áreas do saber são distintas, porém, indissociáveis, visto que as especialidades possuem seu valor de aprofundamento explicativo ao mesmo tempo que o conhecimento, no fluxo real da vida, é unitário e perde sustentação e coerência quando permanece fragmentado.

Por ser necessariamente diálogo — uma atitude de abertura ao encontro de saberes —, a interdisciplinaridade exige efetiva comunicação, pressupondo a superação de tecnicismos da linguagem própria de cada área e do hermetismo do discurso especializado. Igualmente necessária para se concretizar a comunicação é a consciência de que cada especialidade não abarca todo o conhecimento, mas possui os próprios limites e, portanto, precisa acolher as contribuições das outras disciplinas e sustentar os conflitos resultantes dessa interação. Como resultado, a interdisciplinaridade promete a ampliação dos horizontes e a coerência do conhecimento, tanto prático como teórico.

A interdisciplinaridade, ao buscar a integração das teorias, dos instrumentos e dos procedimentos científicos de diferentes disciplinas para a compreensão multidimensional dos fatos e problemas, estimula a elaboração de novos enfoques metodológicos e faz aprender sobre a integralidade do conhecimento, a complexidade dos sentidos para as questões e fenômenos da vida, expandindo a consciência cidadã para o cuidado de si, das outras, dos outros e do mundo. 

Nesse sentido, a interdisciplinaridade é fundamental na educação do trabalhador e da trabalhadora, pois o trabalho, por sua natureza de interação concreta com a complexidade do real, requer a compreensão da totalidade, não para que trabalhadores e trabalhadoras desempenhem variadas funções e sejam mais explorados, mas antes, para o enfrentamento das diversas questões que se colocam diante do desenvolvimento de transformações que beneficiem a humanidade.

Por fim, vale diferenciar interdisciplinaridade de:

  • Multidisciplinaridade - que é entendida como a abordagem de uma questão por diferentes disciplinas que não estabelecem relação entre si;

  • Pluridisciplinaridade - que diz respeito a abordagem de um objeto pelo ângulo de várias outras disciplinas de forma justaposta; e

  • Transdisciplinaridade - que significa, além do diálogo entre as disciplinas, uma coordenação que as atravessa fazendo emergir uma nova visão da realidade.

Palavras relacionadas:

Transdisciplinaridade

Pluridisciplinaridade

Multidisciplinaridade

Para saber mais:

Interdisciplinaridade: ritual da ciência ou ciência do ritual? 

Referências Bibliográficas

FAZENDA, I (Org.). Práticas Interdisciplinares na Escola. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1999.

FRIGOTTO, G. A interdisciplinaridade como necessidade e como problema nas ciências sociais. In: JANTSCH, A. & BIANCHETTI, L. (Orgs.). Interdisciplinaridade para além da filosofia do sujeito. Petrópolis, Vozes, 1995.
JAPIASSÚ, H. Interdisciplinaridade e Patologia do Saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

SOUZA, F. C. Estudos sobre a interdisciplinaridade: ritual da ciência ou ciência do ritual? Inf. & Soc.: João Pessoa, v.27, n.1, p. 59-68, jan./abr. 2017

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