Ensino Híbrido
Processos e Práticas
Origem. Et. A palavra Ensino vem do latim in- , "em" prefixado ao termo signum "marca, signo, sinal", ou seja, insignare (ensinar) quer dizer "marcar, colocar um sinal em". A etimologia da palavra Híbrido desperta divergências entre especialistas, enquanto alguns negam a versão corriqueira apontando um engano por semelhança fonética, outros a confirmam dizendo que o termo vem do grego hýbris (ὕβρις), cujo significado remete a "ultraje, excesso, desmedida, violência, ultrapassagem de limites", correspondendo muitas vezes ao sinônimo de miscigenação, de cruzamento entre animais dessemelhantes, que para os antigos gregos era um fato de grave violação das leis naturais. Considera-se híbrida a reunião de dois elementos distintos para originar um terceiro elemento que pode ter as características dos dois primeiros reforçadas ou reduzidas. O ensino híbrido é considerado uma tendência educacional para o início século XXI, sendo conhecido em inglês como blended learning, "aprendizagem misturada, combinada, mesclada".
Definição
É a metodologia que integra o modelo de ensino presencial, que utiliza os espaços físicos da escola, às práticas de ensino mediadas pelas tecnologias digitais (online), que fazem dos ambientes virtuais a extensão da sala de aula tradicional. No modelo híbrido, as tecnologias digitais assumem um papel essencial no processo de ensino-aprendizagem, mas não são consideradas como um fim em si mesmas. Ou seja, não se trata de distribuir tablets ou colocar alunos e alunas de frente para computadores. A ideia central é que docentes e discentes ensinem e aprendam em tempos, modos e locais variados, viabilizando um percurso de ensino personalizável e uma trajetória de aprendizagem adaptável às necessidades específicas de cada estudante. Portanto, trata-se de organizar a instituição escolar de forma a potencializar a experiência educativa, valendo-se do que se pode extrair de melhor dos dois mundos: o presencial e o online.
A noção de Ensino Híbrido está fundada na compreensão de que não existe uma forma única de aprender e que a aprendizagem é um processo permanente. Para o Ensino Híbrido é basilar a necessidade de desenvolver a autonomia discente. Trata-se de uma metodologia ativa de ensino, centrada nas alunas e nos alunos, que tira a professora e o professor do papel de centralizadores do saber e transmissores do conhecimento, colocando-os na posição de mediadores da aprendizagem. Portanto, é uma combinação metodológica que exige rupturas com a ação tradicional docente em situações de ensino e implica o acréscimo de empenho e proatividade das e dos estudantes nas situações de aprendizagem.
Como cada instituição de ensino possui suas particularidades em relação a determinados aspectos relevantes para a implantação do Ensino Híbrido (formação docente, dinâmica de sala de aula, adequação curricular, possibilidades pedagógicas), este tipo de ensino organiza as suas propostas práticas em duas categorias: a) modelos sustentados, que preservam relativa proximidade com o modelo de ensino tradicional; e b) modelos disruptivos, os quais rompem com a sala de aula tradicional e propõem inovadores percursos de aprendizagem. A escolha da categoria de ensino híbrido a ser adotada pela instituição dependerá do quanto ela está preparada e disposta a romper com o próprio modelo de ensino.
Entre os modelos sustentados estão os submodelos rotacionais:
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Rotação por estações: consiste na organização de grupos de atividades (estações) não sequenciais e independentes entre si, com tarefas direcionadas aos objetivos estipulados pelo professor ou pela professora para a aula, estando pelo menos um desses grupos condicionado ao uso da internet para a conclusão das tarefas. Após um período estipulado de tempo, os alunos e as alunas vão mudando de estação de modo que, ao final da aula, todos tenham tido acesso aos mesmos conteúdos e atividades.
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Laboratório rotacional: consiste na divisão da sala de aula em dois grupos, sendo um deles designado a realizar tarefas em um ambiente online e o outro em um ambiente offline. As atividades nos grupos ocorrem simultaneamente por um período de tempo estipulado e, em seguida, os grupos rotacionam, invertendo os seus ambientes e tarefas. O método exige a utilização de laboratórios de informática ou outros similares.
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Sala de aula invertida: consiste no estudo da parte teórica de uma temática em casa, no ambiente online, para a posterior discussão, participação em dinâmicas de grupo e resolução de atividades no ambiente físico da escola. Exige maior disciplina das alunas e dos alunos e potencializa a aprendizagem em sala de aula.
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Rotação individual: consiste num roteiro de estudos personalizado para cada estudante, de acordo com as necessidades de aprendizagem definidas em avaliação pelos professores e professoras. Cada estudante deve cumprir o seu percurso contemplando as estações estabelecidas como as mais importantes para si, de modo a conquistar os objetivos de aprendizagem e dirimir suas principais dificuldades.
Os modelos disruptivos são:
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Modelo Flex: consiste num roteiro de estudos personalizado com ênfase na aprendizagem online. O professor ou a professora fica disponível para tirar dúvidas e cada estudante é estimulado a fazer seu percurso de aprendizagem interagindo e colaborando com outros alunos e alunas, independentemente da idade e série.
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Modelo A La Carte: consiste na definição de objetivos educacionais em comum acordo entre discente e docente, de modo que o aluno ou a aluna seja responsável pela organização de seus estudos para o alcance dos objetivos estipulados. Nessa abordagem, conta-se sempre com o suporte docente e cada estudante define seu próprio ritmo e local de estudos, sendo que pelo menos uma disciplina é feita inteiramente online.
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Modelo virtual enriquecido: consiste em percursos de estudos majoritária e originalmente virtuais que acrescentam alguma atividade (geralmente uma por semana) em ambiente presencial, no intuito de ampliar as oportunidades de aprendizagem.