Autonomia
Formação Humana
Origem. Et. Qualidade de quem é "autônomo", do grego antigo auto (αὐτο) "por si mesmo, de si mesmo" + nomos (νόμος) "norma, lei", sugerindo-se a noção de "aquela ou aquele que estabelece as suas próprias leis".
Definição
Trata-se da capacidade prática de livremente pensar, refletir, compreender, fazer escolhas, expressar-se e conduzir a própria vida a partir das relações com outras pessoas e com o mundo. É a habilidade de se relacionar com os outros e, no fluxo da vivência prática, em meio às regras, aos valores, aos conhecimentos historicamente acumulados, tomar decisões usando o próprio entendimento, sensibilidade e senso crítico como guias de si. A autonomia, enquanto habilidade, é forjada pelo processo contínuo de esforço por apropriar-se integralmente da vida, junto aos demais seres humanos, e experimentar a capacidade e a liberdade de construir sentidos para o mundo. Em suma, corresponde ao poder de dar a si os próprios princípios e, ao mesmo instante, realizar a própria vida.
Autonomia não se confunde com a noção de independência, apesar de ambas palavras estarem próximas semanticamente. Independente é quem é capaz de agir, pensar, existir sem precisar de outrem, o que implica uma dissociação, certo isolamento. Autônomo ou autônoma, distintamente, é quem está imbricado às relações sociais e, ainda assim, é capaz de realizar escolhas de como ser e agir por conta própria. Uma pessoa pode, por exemplo, não conseguir caminhar por conta própria, depender de algo ou alguém para fazer o seu percurso, mas ainda ser autônoma, alguém que compreende a realidade e decide sobre ela. Por outro lado, alguém pode até ser independente e conseguir caminhar sozinha, agir por conta própria, mas não ser capaz de entender ou escolher para onde vai e, assim, não ser autônoma. Portanto, a construção da autonomia resulta em pessoas preparadas tanto para superar coerções externas e internas a si, como para constituir relações em igualdade com quaisquer outras pessoas, ampliando liberdade de pensamento e capacidade de escolha diante das situações surgidas no cotidiano.
Em educação, Autonomia diz respeito à capacidade e à liberdade dos educandos e das educandas em construirem e reconstruirem o que lhes é ensinado. Refere-se à atuação de estudantes na construção de seus próprios conhecimentos. Significa a valorização de suas experiências, de seus conhecimentos prévios e das suas interações sociais. É a travessia progressiva de situações em que o aluno ou a aluna é dirigida por alguém (heteronomia) para situações dirigidas por ele ou ela mesma. É importante destacar que o ambiente educacional não é o lugar exclusivo da aprendizagem da Autonomia, mas pode ser um espaço fundamental para o exercício das práticas de emancipação humana, tanto individual quanto coletiva, visto que a educação não deve apenas instruir o indivíduo, mas, principalmente, promovê-lo como criador e construtor da realidade.
No âmbito profissional, Autonomia pode assumir três sentidos: i) de liberdade das pressões de quem não faz o trabalho sobre quem o faz, ou mesmo, a tomada do controle sobre o trabalho por parte dos próprios trabalhadores; ii) de liberdade para agir com autoridade na realização de uma tarefa, ou seja, legitimidade para professar na prática a competência profissional; ou iii) de liberdade de decisão necessária para a eficácia do trabalho, um modo próprio de atuar o trabalho que se desvia do padrão operativo, mas garante os resultados desejados.